Valentina Tereshkova: da União Soviética para o espaço
Aventureira, sonhadora e destemida, como toda boa pisciana; é como
podemos descrever a Valentina Tereshkova. Mas quem foi essa mulher
tão singular? Ela foi simplesmente a primeira mulher a ir ao espaço, e,
como se isso não fosse suficiente, ela, com mais de 80 anos, sonha em
fazer parte de uma equipe para colonizar Marte.
Tereshkova nasceu em 6 de março de 1937 na União Soviética, em uma
cidadezinha rural, com um pai que era motorista de trator e a mãe como
ordenhadora de vaca. Ela sonhava em ser motorista de trem para poder
viajar o mundo. Quando ela tinha 3 anos de idade seu pai foi morto na
Guerra de Inverno (entre União Soviética e Finlândia). Passaram por
muitas necessidades, entre elas fome, mas eventualmente a família se
mudou para outra cidade onde Tereshkova estudou até o sétimo ano.
Depois disso, ela trabalhou em uma fábrica de pneu e em outra fábrica
têxtil.
No entanto, ela tinha grande curiosidade pela vida, e, por isso, estudava
paralelamente na escola técnica local e economizava cada centavo para ir
à academia de paraquedismo. Seu primeiro salto foi em 21 de maio de
1959, aos 22 anos de idade, quando mal sabia que isso seria o início de
uma aventura épica.
Estavam em plena Guerra Fria e na corrida pela dominância do espaço. A
União Soviética já tinha mandado o primeiro homem na viagem. Nikolai
Kamanin, chefe do departamento de treinamento de cosmonautas
do programa espacial soviético, estava procurando algo para humilhar os
Estados Unidos ainda mais, e teve a ideia de enviar também a primeira
mulher. Eles fizeram o chamado com os seguintes requisitos: ter até 30
anos de idade, ter altura de no máximo 1,70; não pesar mais de 70 kg e ter
experiência de voo de mínimo de 200 horas ou 50 saltos de paraquedas.
Claro que Tereshkova não iria perder a oportunidade de se candidatar
tendo a seu favor 90 saltos e ser a cabeça do comitê de juventude do
partido comunista. Em plena Guerra Fria as afiliações políticas eram muito
importantes.
Finalmente, no 12 de março de 1962, o time de mulheres que iria
participar do programa foi oficialmente formado. De 5 mil candidatas
apenas 5 foram escolhidas; e Tereshkova foi uma delas. Elas foram
submetidas à preparação e treinamento extremamente pesados, o mais
difícil sendo no centrífugo.
Apesar do parecer médico não ter sido muito favorável e terem outras
candidatas mais qualificadas que Tereshkova, sua candidatura foi
respaldada por Sergey Korolev, engenheiro chefe do programa espacial
Soviético, e Nikita Khrushchev, primeiro-ministro, devido à sua origem
social e afiliação política.
No dia 16 de junho de 1963, aos 25 anos, Tereshkova foi ao espaço
sozinha no Vostok 6. No início, tudo foi muito tranquilo, circulando a
órbita 48 vezes durante o período de 3 dias. Mas houve uma sequência de
complicações, a mais grave sendo que esqueceram de programar a
capsula para volta, que só tinha sido programada para ida. Ao perceber
isso, Tereshkova contactou o controle na terra com toda calma do mundo
e eles a ajudaram a navegar manualmente a capsula por instruções via
rádio. Ela cumpriu sua missão com sucesso. A próxima mulher só iria ao
espaço 19 anos depois.
A sua convicção, trabalho árduo e sua procura por aventura a levaram por
um caminho que jamais teria idealizado como possível. Em uma época de
guerra comandada por homens ela rompeu barreiras e mostrou ao mundo
que não há limites para tudo que as mulheres podem acontecer.