Katalin Karikó e sua contribuição para o desenvolvimento de vacinas contra COVID – Talent Language

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18 de fevereiro de 2021

Katalin Karikó e sua contribuição para o desenvolvimento de vacinas contra COVID

Quando vemos notícias da vacina contra COVID 19 pensamos nas vidas que serão salvas, na volta a liberdade que teremos e a expectativa de uma nova vida pós pandemia. No entanto, não paramos para pensar o que e quem possibilitou o desenvolvimento dessa vacina. Hoje vamos focar numa mulher que dedicou mais de 40 anos da sua carreira pesquisando RNA quando a comunidade científica desdenhava de seu trabalho. Uma mulher que se negou a aceitar “nãos’’ e persistiu mesmo quando o mundo parecia estar contra ela. Se hoje temos a vacina de COVID é pela determinação e perseverança de Katalin Karikó.

Karikó nasceu em 1955 na Hungria, e cresceu no regime comunista da União Soviética. Desde jovem sempre, foi extremamente determinada e conquistou seu PHD aos 23 anos na Universidade de Szeged, continuando suas pesquisas e pós-doutorado no Instituto de Bioquímica e Centro de Pesquisas Biológicas. O interesse de Karikó sempre foi em RNA, mas infelizmente os laboratórios da Hungria careciam dos recursos necessários para continuação de sua pesquisa. Eventualmente ela foi demitida da faculdade em 1985, acontecimento que mudaria o resto da sua vida.

Desempregada e sem ter onde pesquisar, ela teve a oferta de uma posição na Faculdade de Temple, na Philadelfia. Na época, os húngaros eram proibidos de retirar dinheiro do país e ela sabia que não teria volta, uma vez que estaria fugindo do regime comunista. O que foi que ela fez? Vendeu o carro por $1200, o único patrimônio que ela e o marido tinham, e escondeu o dinheiro no urso de pelúcia da filha de dois anos.

No entanto, ao chegar aos Estados Unidos, a realidade foi tudo, menos um mar de rosas. No fim da década de 80, a comunidade científica estava focando em pesquisa com DNA, acreditando ser a chave para tratamento de doenças como câncer. Porém Karikó acreditava no potencial das pesquisas com RNA, o código genético que dá instruções às células em como produzir proteína. Por muitos anos, seu trabalho de pesquisa foi alvo de deboche e ceticismo e como conseqüência ela foi passada para trás em inúmeras ocasiões, teve negado acesso a subsídios governamentais e corporativos e até recebeu ameaça de deportação. Em 1995 ela recebeu a oferta de um cargo como professora na Universidade de Pensilvânia, mas como não conseguiu captar os subsídios necessários ela foi demovida para pesquisadora.

Ela aceitou o cargo de ranking menor pois possibilitava que ela continuasse sua pesquisa e a mantinha como supervisora do laboratório. Como supervisora, Karikó sofreu muito machismo pelos seus colegas, que se recusavam a acreditar que uma mulher poderia estar nesse cargo.

Com tudo isso, muitos teriam desistido, mais não Karikó! Ela não só se manteve forte no seu foco de pesquisa, como ainda se mantendo na Universidade, conseguiu que sua filha, França, estudasse lá. Depois França viria a conseguir medalha de ouro nas Olimpíadas de 2008 e 2018 no time de remo. Karikó não sabia na época, mas o seu destino estava prestes a mudar com um encontro casual com Drew Weissman, professor de imunológica na Universidade de Pensilvânia, em frente a uma máquina de cópias. Na época, Drew Weissman estava fazendo pesquisa para o desenvolvimento de uma vacina para o HIV no Instituto de Saúde Anthony Faucci. Logo após, fundaram uma empresa e, em 2005, conseguiram ver o fruto de seu árduo trabalho. Eles tinham descoberto como prevenir a resposta inflamatória no corpo por mRNa sintético, possibilitando seu uso terapêutico. Finalmente a comunidade científica se rendeu a suas pesquisas e, como falamos em inglês, the rest is history.

Mais adiante, no início de 2013, Karikó ouviu falar do acordo de US $ 240 milhões da Moderna com a AstraSeneca para desenvolver um mRNA de VEGF. Ela percebeu que se mantendo na Universidade de Pensilvânia não teria a chance de aplicar sua experiência com mRNA, então decidiu assumir o cargo de vice-presidente sênior da BioNTech .Hoje a comunidade científica reconhece que sem a garra e persistência tanto de Karikó quanto de Weissman não seria possível a vacina da Moderna e AstraSeneca. Karikó é a pesonificação da seguinte frase de Stan Lee: “Se você tem uma ideia que você genuinamente pensa que é boa, não deixe algum idiota convencê-lo a desistir.”

Publicado por
Thais Arruda
Formada em Jornalismo pela UNINABUCO, Thais possui experiência na área, tendo atuado por sete anos em agências de publicidade, comunicação sindical e jornal impresso de grande circulação. É apaixonada pela escrita e por cultura japonesa.

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  1. zg disse:

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