Quem conhece um pouco de língua inglesa sabe que a palavra ‘soul’ quer dizer ‘alma’. ‘Soul’ é também o nome de um ritmo musical americano que é cada vez mais abrangente – mistura elementos de música gospel afro-americana, rhythm and blues e jazz. O ‘soul’ da música é o mesmo ‘soul’ de alma. Esse termo surgiu para denominar a música negra americana, surgida nas comunidades de ascendência africana, praticantes de religiões afro. O termo ‘soul’ era utilizado para se referir a tudo que era afro-americano, como em ‘soul-food’.

É explorando essa convergência entre música e alma que se desenvolve a história de ‘Soul’, animação da Pixar que marca pela sua capacidade de refletir sobre temas tão universais como a natureza da alma, a vida após a morte, o destino e o sentido da vida, enquanto expõe o cotidiano e cultura do povo afro-americano por sua relação com o trabalho e a música. O filme conta a história de um professor de música, que sonhava em ser músico profissional, acumulando frustrações até que recebe aquela que parece ser a grande chance de sua vida e, ironicamente, morre em um acidente estúpido. A partir daí, o filme conta a história de sua alma e a jornada para criar uma oportunidade de viver a grande chance em uma narrativa que vai reacomodando a importância de tudo na vida.

Dono de uma trilha sonora muito bonita, Soul emociona e faz pensar, levando a um nível ainda mais alto a marca recente dos títulos da Pixar, cada vez mais voltados a refletir sobre o “sério” de maneira incrivelmente leve. Soul permite passear um pouco sobre a cultura americana, mas não esquece de nos levar para um encontro com toda a humanidade.

Texto: Arthur Bulhões